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matilda — 3 de janeiro de 2018

FLOR & SENTIMENTO: A SINESTESIA DAS CORES

Com toda uma diversidade de espécies, cores e fragrâncias, as flores são capazes de despertar mais do que a admiração por sua beleza estética. Além de todo o simbolismo que carrega, uma flor também pode representar um sentimento.        Foi com essa premissa que a matilda.my recebeu em dezembro a designer Roberta Di Pietro e seu delicado projeto autoral Flower The Feelings. Nele, diversas flores são combinadas às cores da Pantone para revelar sensações. “Pode se dizer que o projeto é uma sinestesia, ou seja, a relação de planos sensoriais diferentes, uma vez que o formato, o cheiro, as cores, ou a textura das flores evocam sentimentos”, contou Roberta, que bateu um papo com a gente para falar um pouco sobre quem ela é, seus sonhos e como a natureza e o design podem se combinar em uma forma de arte inspiradora.   “Se eu tivesse que me apresentar para o mundo, eu me apresentaria como uma designer e sonhadora, porque acredito que que essas duas palavras me descrevem bem.”     Após dar seus primeiros passos em uma agência de publicidade, Roberta se redescobriu ao criar a própria forma de trabalhar. “Comecei minha carreira como estagiária de Direção de Arte em agência de publicidade. O local me agradava e eu tive a oportunidade de trabalhar com profissionais muito qualificados. Por outro lado, eu não me encontrava naquele ritmo frenético e, vez ou outra, me pegava preocupada pensando como isso ficaria cada vez mais evidente à medida que eu crescesse nesse ambiente. A vida acabou me levando a trabalhar como Designer Freelancer, função que tenho realizado desde o início deste ano e que, para minha surpresa, tem sido incrível.”       “Trabalhar com propósito era algo que me fazia falta também, e esse ano eu consegui suprir essa vontade, trabalhando com pequenos empreendedores e fazendo parte de iniciativas do bem. Qualquer área tem as suas dificuldades, mas, independente delas, nós precisamos criar nossas próprias oportunidades (ou saber identificá-las).” O projeto Flower The Feelings surgiu quase por acaso, quando Roberta buscava deixar seu portfólio mais atraente para o mercado de trabalho. Porém, ao ver os primeiros resultados ela percebeu que poderia ir além. “O Flower The Feelings surgiu quando eu estava procurando meu primeiro emprego. Eu ainda não tinha portfólio suficiente para entrar na área de Direção de Arte, então uma professora sugeriu que eu fizesse um projeto autoral de algo que eu gostasse. A ideia foi surgindo aos poucos. Na época eu ganhava muitas flores do meu namorado, então pensava bastante em fazer algo com flores; meu vício pelo Pinterest estava começando e não demorou muito para que eu me deparasse com alguma imagem que falava de palavras intraduzíveis que representavam sentimentos; e no meio disso eu fui descobrindo a Pantone e algumas campanhas que tinham sido feitas usando o layout da marca (aquele “cartão” com a cor e seu nome/número de identificação).”     “Uma coisa foi levando a outra até que um dia eu pensei que aquelas flores eram a materialização perfeita de alguns sentimentos e que, talvez, eu poderia representar isso visualmente com o cartão da Pantone. Então eu imaginei um layout, um Instagram, uma imagem, desenvolvi os cartões no Photoshop, imprimi em casa, coloquei as flores em cima dos seus respectivos papéis, fotografei e editei o resultado no Photoshop. Fazia isso no meio do café da manhã (como na foto abaixo), depois ou no meio do trabalho, antes de dormir ou na hora que a inspiração viesse. Com o tempo o projeto foi criando forma até se tornar a página @flowerthefeelings no Instagram.”           Como toda artista, Roberta está atenta ao mundo à sua volta e revela suas inspirações: “Para me inspirar, além de seguir algumas profissionais da área que admiro como a Brunna Mancuso, Corina Nika, Anna Bond, entre outras, eu procuro sempre me manter próxima de pessoas e lugares que me inspiram.” Quando nos voltamos para o tema publicidade, Roberta aponta para a tendência de um discurso emotivo que vai além da simples venda de um produto ou serviço. “Acredito que a publicidade esteja cada vez mais se apropriando de um discurso emocional para interagir com o público. Simon Sinek repete em uma de suas palestras no TED: “people don’t buy what you do, they buy why you do it”, ou em português “as pessoas não compram o que você faz, eles compram por que você faz isso.” “Meu maior sonho é conseguir viver do que eu faço, sendo inspirada apenas pelas minhas tristezas, felicidades, conquistas, emoções e percepções.”       “Para mim, um mundo ideal valoriza o Design, hahaha. É sério! Mas, além disso, o mundo ideal é a casa de pessoas que fazem o que amam e que buscam ser felizes – sem prejudicar o outro”, conclui de forma sincera a designer e sonhadora Roberta.