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matilda — 4 de setembro de 2018

EDITORIAL: QUEM É BRASIL

Há mais de cinco séculos, a exclusão do negro e do indígena é perpetuada na sociedade brasileira. A história embranquecida do país os apaga e deixa marcas dolorosas que são silenciadas por quem domina a narrativa. Ou dominava. A tecnologia possibilitou que o povo negro e indígena saísse da posição de espectador e ocupasse o posto de protagonista de suas próprias histórias. O genocídio cometido contra eles vem sendo exposto graças às novas formas de produção e consumo da informação. A “verdade” disseminada pelo homem branco ao longo dos anos está sendo questionada. Cientes dessa realidade, em agosto, a Matilda começou a desbravar novos territórios. Fomos ao Acre, para conhecer novas GENTES e os trabalhos realizados pelos povos originários. Também estivemos em Paraty, onde acompanhamos uma mesa sobre Afrofuturismo e nos aprofundamos ainda mais nesta temática. Esses conteúdos seguem reverberando durante o mês de setembro com mais força. Neste período, a Matilda aborda a parceria com NEGRUM3, um ensaio de Diego Paulino sobre negritude, viadagem e aspirações espaciais dos filhos da diáspora. Em Crespo, Logo Existo, apresentamos um editorial com jovens que resgataram a sua ancestralidade e estão praticando o amor próprio por meio dos cabelos crespos e cacheados. As personagens de Gentes do mês são duas mulheres que admiramos muito: a parteira Dona Zenaide, que já fez mais de 280 partos na zona rural de Rio Branco, e Dedê Maia, indigenista cuja trajetória de vida mescla-se com a história do indigenismo acreano. Para ilustrar os dois temas, teremos Luiza de Alexandre, artista que faz desenhos e colagens com temáticas feministas, de empoderamento negro e autoaceitação. Nesses tempos em que o de discurso de ódio, intolerância e conservadorismo tentam abafar as vozes da diversidade, a Matilda abre espaço para que a história possa ser recontada e ressignificada, justamente pelas pessoas que vivem essas realidades.