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matilda — 4 de outubro de 2019

Masculinidades de um novo tempo

A masculinidade hegemônica – composta pelo homem branco, heterossexual, cisgênero e de classe média alta -, definitivamente não deu certo. Todas as outras masculinidades acabaram por ficar subalternas e sufocadas a esse modelo que não contempla uma sociedade plural. Neste contexto, vale destacar que cada grupo de homens exerce um tipo diferente de masculinidade. 

A ideia sobre o que é a masculinidade em si não é ensinada por meio da genética, mas sim, por meio de comportamentos que são enraizados desde a infância. Ocupar o papel de procriador, constituir uma família e não sucumbir a momentos de instabilidade emocional estão entre os principais estereótipos de um sistema patriarcal que colhe amargos frutos desse modelo.

No país que vitimou 1206 mulheres em 2018 por feminicídio, falar sobre masculinidades nunca foi tão importante. Na esteira dessa discussão, Matilda se aprofunda no tema no mês de outubro não apenas para problematizar os modelos vigentes, mas também, apontar novas possibilidades considerando a diversidade de sujeitos. A dança africana, o empreendedorismo que impacta e a arte também ganham espaço na programação do mês. 

Em Fundo Verde, vamos receber três expoentes do empreendedorismo e da arte. A primeira entrevistada será Monique Evelle, empresária de Salvador que fala sobre os dilemas do mercado publicitário em relação às práticas de diversidade e inclusão. A segunda entrevistada será Bruna Paludo, astróloga que criou a personagem madama br000na. Ela falou sobre o hype recente da astrologia, publicidade e esgotamento das redes sociais. Por fim, também falaremos com o fotógrafo, pesquisador e educador social Roger Cipó, que aborda o tema de masculinidades em sua produção artística do ponto de vista de um homem negro.

Em COLAB, vamos receber a potência do trabalho de Kety Kim Farafina, artista e pesquisadora que se dedica ao mergulho de danças e ritmos africanas desde 2007. No ano de 2011, ela se deu início a uma expedição para dois países da África Ocidental: Senegal e Guiné. Após um ano de imersão de estudos e vivências nos ritmos da região, passou a se dedicar ao coupé-décalé (ritmo contemporâneo), se tornando embaixadora no Brasil como a iniciativa Coupé Décalé Brasil. Ela vai expor trabalhos que nasceram dessa vivência e também vai oferecer uma imersão às danças e histórias dos griôs (tradição oral africana) em uma oficina.

Já em ILUSTRES, o espaço de residência Matilda receberá o trabalho do artista Dudx. O trabalho de Eduardo Araújo já teve destaque em Matilda no mês de março (leia aqui), mas dessa vez ele vem pra ficar. Sob a perspectiva de enxergar no erro uma possibilidade artística, ele nos contou algumas inspirações que conduzem seu processo criativo. “O meu processo artístico sempre foi uma maneira de abraçar aquilo que todo mundo tenta esconder, porque de alguma maneira tem sempre algo a ser escondido. Eu tenho uma atração pelo erro, pelas coisas que parecem ter dado errado, porque acho que é que nem o erro na Matrix, é ali que tá o segredo das coisas”. 

Seja para refletir sobre uma nova masculinidade possível ou dançando em tempos difíceis, temos muito a aprender e trocar nessa passagem para a primavera. Acompanhe a Matilda nas redes sociais e fique por dentro dessa movimentação que vai trazer vivências e aprendizados potentes.