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matilda — 26 de outubro de 2017

CULINÁRIA DA RESISTÊNCIA

Comer é uma atividade natural de todo ser humano. Todos sentimos fome, todos precisamos comer. Por ser uma atividade tão básica e elementar da vida em qualquer sociedade, muitas reflexões e conceitos já foram construídos em cima desse ato que permeia a nossa história desde tempos remotos.

Não é difícil ouvir pessoas dizendo que “a hora da comida é uma hora sagrada”, e que “a comida une as pessoas”, um conceito muito difundido. Seguindo essa reflexão, poderíamos analisar a palavra companheiro, que hoje significa “aquele que nos acompanha”, “aquele que compartilha momentos com a gente”, e que, curiosamente, deriva do latim “cum + panis”, que significa “aquele que nos acompanha na partilha do pão”.

 

 

Porém, apesar dessa ideia presente até os dias de hoje, da comida como algo que une, a alimentação também é um objeto de divisão na nossa sociedade atual. Por que algumas pessoas podem comer do bom e do melhor enquanto outras são obrigadas a se satisfazerem com ração? Essas são reflexões que nos foram trazidas pelo cozinheiro Daniel Brito, que nós da Matilda tivermos a oportunidade de conhecer.

 

 

Além de ser apaixonado por cozinhar, Daniel é quartanista do curso de Letras da USP e sonha em ser professor de Língua Portuguesa. Entre uma aula e outra, ele também dedica o seu tempo com outra coisa muito característica sua: o ativismo político. Em seu engajamento com as causas sociais, o cozinheiro-poeta participa dos movimentos em defesa das creches públicas. Um deles é a Ocupação da Creche Oeste da USP, que começou quando o Reitor tentou fechar uma das creches da USP de forma arbitrária, segundo Dani.

 

 

Lutando contra a gourmetização da vida, Daniel dedica suas forças para correr atrás do que acredita: um mundo sem creches fechadas e onde não haja distinção entre aqueles que têm acesso à comida de verdade e GENTESque são privadas de alimentação de qualidade. Nós da Matilda só temos a agradecer por toda a receptividade, carinho e experiências que trocamos. Agora, sem mais delongas, conheçam e ouçam vocês mesmos essa figura inusitada, Daniel Brito.