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matilda — 22 de outubro de 2018

ANCESTRALIDADE E FEMININO EM CRISTIANE MARTINS

Recuperar a história de antigas civilizações e de nossos ancestrais não é tarefa fácil. Cristiane Martins é uma dessas pessoas que contribuem para o enriquecimento da nossa memória, escavando o passado através do seu trabalho como arqueóloga no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Em sua jornada resgatando peças de quebra-cabeças que revelam hábitos, costumes e  formas de organização de sociedades longínquas, Cris encontrou uma via de autoconhecimento e crescimento pessoal, desvendando sua própria história através da conexão com aqueles que trilharam sobre essas terras antes de nós.

A primeira experiência de campo de Cristiane foi num cemitério marajoara, no Pará: “Era como se vocês estivesse chegando num lugar, um espaço matriarcal, ocupado por mulheres muito fortes e pintadas em grande vasilhas cerâmicas com esqueletos, com adornos de pedra e cerâmica, com as tangas marajoaras, então foi um primeiro contato muito feminino”. O contato que teve com a energia do universo feminino através dessa experiência se somou a uma tendência já sentida por ela, de fortalecimento e valorização das mulheres a nível mundial, fazendo-a direcionar seus esforços para esse campo de atuação. “Eu trabalhei com muitas mulheres arqueólogas, acho que isso também me ajudou a escolher essa disciplina, essa ciência como norteadora da minha formação acadêmica.

Arte e Natureza

Após se mudar para o Acre e entrar em contato com os agentes agroflorestais da Comissão Pró-Índio do Acre (CPI), comissão que Dedê Maia Samê ajudou a fundar e com a qual a parteira Dona Zenaide também mantém relações, Cristiane passou a sentir o desejo de aprofundar suas conexões com a natureza amazônica, uma de suas paixões, e criou a marca Amazônia Ancestral. “A Amazônia Ancestral começou com adornos femininos, começou com brincos e hoje eu já aplico a marchetaria em outros suportes”. Partindo da marchetaria, arte feita com entalhes de madeira, a Amazônia Ancestral passou a ser para Cris mais do que uma marca, mas sua persona artística, na qual se reconecta com a força das mulheres do passado através da energia da natureza.

“Eu conto histórias, falo de belezas, falo de energia feminina, falo de empoderamento através das minhas peças”

“Hoje eu produzo quadros com uma linguagem para transformá-los em amuletos, não são quadro decorativos, eu penso em fazer coisas que transmitam uma mensagem legal especialmente pras mulheres”.

Nós fomos até Rio Branco conhecer um pouco mais desse universo mágico de Cristiane Martins. Assista ao vídeo: