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matilda — 1 de fevereiro de 2019

Iran Giusti: “O mínimo que você faz é ter diversidade dentro da sua organização”

O Brasil é o país que mais mata LGBT no mundo. 54% da população brasileira se declara negra, mas apenas 17% estão entre os mais ricos. O país ocupa a 90ª posição no ranking do Fórum Econômico Mundial de igualdade entre homens e mulheres. Sabendo de tudo isso, como é possível garantir que essas pessoas tenham os mesmos direitos e oportunidades que a parcela branca, heterossexual e cisgênera ao longo da vida, em especial dentro do mercado de trabalho?

A inclusão dentro das empresas ainda é muito pequena e Iran Giusti é uma pessoa que tem muito a falar sobre o tema. O jornalista e idealizador da Casa 1, centro de cultura e acolhimento LGBT localizado no centro de São Paulo, é atualmente um dos nomes mais influentes do movimento.

Desde a abertura da Casa 1, em janeiro de 2017, Iran divide seu tempo entre o trabalho intenso na administração do local e o desenvolvimento de projetos sobre diversidade com grandes empresas e marcas. “O mínimo que você faz é ter diversidade dentro da sua organização“, afirma.

A busca por sua expertise sobre o tema é grande, mas Iran conta que apenas 10% das empresas que o procuram seguem com os projetos até o fim. Apesar de reconhecer que o mercado de comunicação vem olhando para questões de inclusão e diversidade, Iran acredita que o caminho ainda é longo. “Acho que como tudo o que acontece dentro das agências é um movimento muito glorificado por coisas muito mínimas”, completa.

A Casa 1 nasce justamente do fato de Iran perceber que, a maioria dos jovens LGBT expulsos de casa por orientação afetiva sexual e identidade de gênero, que precisam de suporte para estabilizar as suas vidas, têm um perfil sócio econômico baixo.

“Nossos movimentos sociais, por serem um movimento muito embranquecido, de classe média alta, e que bebe das fontes do Estados Unidos e Europa, não leva muito em consideração o recorte de raça e classe […] e a expulsão vai acontecer com grande frequência num público de um perfil sócio econômico muito mais baixo. 90% dos moradores que já passaram ou estão na casa são negros e negras, da periferia da cidade”, complementa.

A casa abriga vinte moradores e moradoras, com o tempo máximo de permanência de quatro meses. “A ideia é que a gente promova a individualidade, a autonomia e o desenvolvimento para que elas consigam minimamente se estabilizar para seguir em frente depois da expulsão de casa”, completa.

No vídeo abaixo, Iran divide  as suas impressões sobre a inclusão dentro do mercado de comunicação, analisando o cenário atual, e opinando sobre quais são os possíveis caminhos para se ter um espaço de trabalho mais diverso e, consequentemente, uma sociedade minimamente mais justa.

 

Fundo Verde

 

O Projeto Fundo Verde tem o objetivo de desnudar a publicidade e ouvir profissionais do mercado de comunicação sobre temas que permeiam não apenas a indústria, mas a sociedade como um todo.

 

Casamento coletivo na Casa 1

 

Além do acolhimento de jovens LGBT expulsos de casa, a Casa 1 também realiza diversas atividades e iniciativas para os não moradores. No dia 15 de dezembro acontece o casamento coletivo de 100 casais LGBT. Uma festa que só será possível graças à colaboração financeira e voluntária de muitas pessoas. Se você quiser ajudar essa e outras iniciativas da Casa 1, acompanhe o Facebook e o Instagram do projeto.