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matilda — 25 de outubro de 2019

Roger Cipó: “a gente precisa ensinar os homens a coexistir”

A caricatura do personagem masculino está em discussão na sociedade após o desgaste de um modelo de masculinidade liderado pelo homem branco. Neste contexto, não existe a possibilidade de discutir novos caminhos ao homem contemporâneo sem considerar o ponto de vista dos homens negros. 

O educador e fotógrafo Roger Cipó se engajou na pauta das masculinidades plurais e defende um grande acordo com a sociedade para discutir e repensar os padrões que nos trouxeram até aqui. “A gente tá falando sobre um projeto pensado pelos homens brancos, cis, heteronormativos, cristãos a favor da família. Esse projeto definitivamente deu errado”, diz. 

Segundo ele, o grande problema dessa estrutura hegemônica é que tudo o que está “fora do quadrado” é considerado como “outro”. 

“Tô discutindo masculinidades porque enquanto os homens brancos, na sua grande maioria, estão levantando questões da sua subjetividade, questões das suas relações amorosas, da sua sexualidade, nós homens pretos estamos ainda e tentando dizer à sociedade: olha, nós também somos homens”, ressalta.

 

Perspectiva de mudança

O que tem se chamado de nova masculinidade está embasado em uma profunda mudança comportamentos e padrões. A figura masculina abandona os estereótipos de gênero como “homem não chora” e deixa a posição de centralidade na sociedade. Mas será que isso acontece, na prática? 

Para Cipó, a tentativa de construir essa ideia ainda está restrita a um grupo pequeno de homens. “Nós homens que estamos pensando a nossa condição no mundo para ter relações mais positivas, saudáveis, mais humanizadas, ainda somos poucos. Porque a gente vive numa sociedade extremamente conservadora. No norte do Brasil, por exemplo, ainda há uma cultura em que os pais iniciam suas filhas sexualmente”.

As masculinidades plurais e os passos possíveis para mudanças estruturantes foram alguns dos temas abordados com o fotógrafo no Fundo Verde, projeto da Matilda que convida profissionais de comunicação a se debruçarem sobre alguns tabus do mercado e da sociedade. 

 

Assista ao vídeo: