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matilda — 10 de maio de 2019

Que comece o Xoxocentrismo

XOXOTA! Quantas vezes você conseguiu falar essa palavra sem constrangimento? Sem abaixar o tom de voz ou cobrir a boca? Ou mesmo ao pronunciar confortavelmente o termo, quantas foram as vezes que você foi reprimidx por isso? Ganhou olhares tortos, tapinha no braço ou um ‘xiu, olha a boca’!

O tabu da xoxota começa muito antes da terminologia. A repressão ao nome é só uma parte de um debate muito mais profundo: o falocentrismo, modelo de sociedade baseado no poder e prazer dos que nasceram com um caralho. Há milênios a roda gira em torno do órgão genital masculino e as consequências disso reverberam no campo quântico e afetam inclusive os privilegiados.

Não é segredo para ninguém que todos nós temos energia feminina (yin) e masculina (yang) dentro de nós. Há anos o código que rege o mundo pende para o yang –  razão, poder, força física – e aniquila todas as qualidades do yin – emoção, sensibilidade, acolhimento. Mas ao longo desta hegemonia houveram diversos questionamentos, resistência e conquistas. E cá estamos nós, em 2019, ainda tendo problemas em pronunciar xoxota em voz alta.

Instigados pela temática, Matilda explora nos meses de maio e junho o tema Xoxocentrismo, numa tentativa de desconstruir a narrativa pautada pelo falo, e de colocar a xoxota na boca do povo. É importante frisar que as discussões propostas aqui são em torno do órgão e não do gênero feminino, pois o universo Matilda sobrepõe a binaridade e reconhece a liberdade de escolha dos corpos diversos.

Em GENTES, queremos olhar com atenção para a xoxota. A primeira personagem é Foguentinha Online, estudante de arte que tem uma pesquisa voltada para sexologia e dá workshops sobre auto exame ginecológico para qualquer pessoa que tenha uma xoxota, independente do gênero. Vamos conversar com ela sobre a importância do autoconhecimento sobre o próprio corpo, menstruação, sexo em contextos não binários e sexologia antipatriarcal.

Nossa segunda GENTES é Lay Moretti, criadora do tumblr Bucepower Gang, no qual mulheres desconhecidas do Brasil todo podem publicar “selfies de ass” e nudes com o intuito de fomentar um debate acerca da liberdade sexual feminina. Abordaremos a questão da “beleza” padronizada da xoxota rosada, ou não.

Para o Fundo Verde temos um papo sem censura com Penélope Nova, que apresentou o extinto “Ponto P”, da MTV, e falava abertamente sobre sexualidade em uma época onde os tabus eram ainda maiores. Investigaremos os pudores e liberdades da comunicação brasileira, além de falar sobre a migração de seu conteúdo da TV para o YouTube.

Nosso Ilustre faz a transição do tema corpo/quebra de imagem para o Xoxocentrismo. Enantios Dromos é artista, videomaker e performer que se identifica como um corpo trans não-binário. Tem um trabalho voltado para o registro de corpos que vivem à margem do CIStema e suas limitações de locomoção em alguns espaços.

O Xoxocentrismo vai reinar e queremos você com a gente. Siga os perfis da Matilda para acompanhar a nossa saga em busca da desconstrução desta parte do corpo que, apesar de ser a porta de entrada do todos os seres humanos ao mundo, ainda é um grande tabu.