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matilda — 29 de novembro de 2019

Marcio Black: “Se pensarmos em diversidade nos espaços de trabalho, é uma escolha que as empresas fazem”

Com uma trajetória que mescla vivências em ocupação dos espaços públicos, ativismo e mobilização cultural, o cientista político e produtor cultural Marcio Black viu de perto a transformação do mercado de comunicação na última década.

 

Sua caminhada profissional e pessoal é composta por experiências em diferentes campos, passando pela publicidade, uma jornada como guitarrista de uma banda de hardcore, um doutorado em Ciências Políticas e — na ascensão da polarização política que se iniciou em 2013 —, foi candidato a vereador em 2016. 

 

Atento aos códigos sociais e culturais que passam pela periferia do Jardim D’Abril, em Osasco, até as ladeiras de Perdizes, ele falou ao Fundo Verde sobre ativismo digital, novas narrativas do mercado publicitário e o potencial dos eventos das periferias. Ele destacou que a abordagem de profissionais negros apenas no mês de novembro, por exemplo, é uma questão a ser superada, mas já percebe uma perspectiva de mudança. 

 

“Tem essa parada de você pasteurizar muito, de virar quase uma coisa comercial, todo mundo começa a entregar para esse campo como se [a causa] só existisse naquele momento. Mas ao mesmo tempo, é o momento que você joga luz, você bota como se fosse aquela iluminação que por um tempo vai estar todo mundo falando sobre um assunto e, talvez, naquele momento, você consiga alcançar mais gente”, pondera.  

 

Ao falar sobre suas últimas vivências profissionais, ele destacou que embora os ambientes ainda sejam majoritariamente compostos por profissionais brancos, existe uma tendência de repensar os processos de inclusão e diversidade. 

 

“Se a gente pensa diversidade nos espaços de trabalho, isso é uma escolha que as pessoas e empresas fazem. Hoje estou na Fundação Tide Setubal e acho que pra estar nesse lugar hoje, passei por outros lugares onde essa escolha sempre foi vocalizada”, diz.

 

Ativismo no ambiente digital 

 

O ano de 2013 inaugurou um período de polarização política que culminou em guerras culturais no ambiente digital. O engajamento por meio das redes sociais entrou no radar das marcas, mas não surte efeito nas mudanças sociais mais urgentes. 

 

“A gente criou esse lugar do influenciador digital, essa bolha que funciona muito bem pro mercado, pro produto, mas que não é tão bom para ideias, para causas. E a gente continua insistindo nesse negócio”, diz Marcio. 

 

No vídeo abaixo, ele comenta sobre as novas perspectivas do mercado publicitário e como as marcas podem aproveitar melhor o potencial dos eventos independentes que ocorrem nas periferias da cidade. Confira!