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matilda — 27 de setembro de 2019

Isabela Del Monde: “inclusão não é chamar pra festa, é chamar pra dançar”

A criadora da Rede Feminista de Juristas fala sobre diversidade nas empresas e seu trabalho no atendimento a vítimas de assédio

 

A advogada Isabela Del Monde é Cofundadora da deFEMdeRede Feminista de Juristas — onde atua no atendimento de vítimas de violência doméstica. Fundada em maio de 2016, a organização ganhou mais de cinco mil seguidores no Facebook em apenas três dias, o que surpreendeu as membras fundadoras. 

“Percebemos claramente que havia ali uma demanda reprimida. As mulheres que sofriam com esse tipo de abuso não conseguiam encontrar dentro do aparato público informações, acolhimento e representação jurídica”, diz. 

A deFEMde é composta por quase 200 pessoas, entre mulheres cis, mulheres trans e homens trans. O atendimento às vítimas de assédio é feito via Facebook, Instagram ou e-mail. Isabela explicou que a organização passa por um momento de formalização para se tornar uma associação, o que deve facilitar o atendimento. “Temos que lembrar que é uma equipe voluntária, que tem toda sua vida acontecendo paralelamente aos seus trabalhos e seus boletos, então nem sempre a gente consegue atender com a velocidade que a gente queria”.  

Formada pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco (FDUSP), ela também é sócia fundadora do escritório Tini e Guimarães, especializado na prestação de consultorias empresariais, principalmente em temas relacionados a equidade no ambiente corporativo e direitos das mulheres

A especialista lembra que embora a palavra diversidade esteja circulando atualmente pelos corredores das empresas, ainda há muitos caminhos a se criar. Mundialmente, 98% das empresas já realizaram alguma iniciativa com foco em diversidade, porém, nem sempre os públicos atendidos — como mulheres, negros e a comunidade LGBTI — se sentem beneficiados por essas ações. 

No Brasil, por exemplo, apenas 17% dos funcionários que são o foco dessas ações se dizem beneficiados com esse tipo de ação, de acordo com levantamento do Boston Consulting Group (BCG).

Atenta e atuante no cenário de diversidade no mercado de comunicação, Isabela acredita que o Direito, em si, precisa ser discutido. “Temos um Direito que foi feito por homens para homens, como tudo o que a gente conhece hoje. Reivindicamos muito essa transformação por um Direito que reconheça a diversidade de sujeitos, diversidade de demandas. Porque uma mera igualdade jurídica não dá conta das potências das diversidades˜.

 

O dilema da Diversidade

Na visão da advogada, não basta apenas inserir essas pessoas no mercado de trabalho, de modo que os quadros de desigualdades não estão se alterando. “As mulheres continuam ganhando menos, as pessoas negras não estão em cargos de ascensão e liderança, não há uma inclusão, de fato, de pessoas LGBTIs. Se não há um preparo, você apenas coloca esse público lá dentro para sofrer mais violências no ambiente de trabalho”, ressalta. 

Sua atuação junto à deFEMde, como as empresas de comunicação estão lidando com a diversidade e outras pautas relacionadas aos direitos das mulheres foram abordadas no nosso Fundo Verde. Confira o vídeo abaixo: